Matéria publicada na Revista Comex do Brasil por Luiz Claudio Silka – Consultor do Grupo Oxford
A China é conhecida já a alguns anos como a “grande fábrica do mundo”, um grande celeiro de oportunidades tanto para empresas que buscam reduzir seus custos e fomentar seus negócios comprando produtos chineses de qualidade e com preços competitivos, como também novos empreendedores que estão no começo de suas atividades.
Entretanto, algumas precauções devem ser tomadas pelos empresários brasileiros antes de se iniciar os negócios com a China, visando o maior aproveitamento possível das relações a serem estabelecidas com os futuros parceiros. Desde as reformas econômicas que Deng Xiaoping implementou, a China tem alcançado altas taxas de crescimento sendo que ao longo dos últimos 22 anos, esse crescimento médio tem sido de 10% ao ano.
Isso tem a ver em grande parte com o modelo de crescimento econômico apoiado sobre a facilitação, por meio do Governo chinês, para as exportações de manufaturados primários. Essa facilitação foi feita com base em elevados investimentos em infraestrutura, inovação tecnológica, estímulos tributários ao setor industrial e também à desvalorização cambial e à relativa mão-de-obra com custos reduzidos.
Tudo isso faz da China um modelo surpreendente e literalmente revolucionário de desenvolvimento comercial que mudou o cenário desse país em menos de quatro décadas.
No caso do empresário brasileiro que deseja fazer negócios com a China, este deve considerar as diferenças nas relações comerciais entre brasileiros e chineses. Elas determinam formas diferentes no que tange à estruturação das empresas e às negociações.
A China está muito longe do Brasil, sendo que falhas na identificação de parceiros e produtos adequados, quase sempre geram problemas nas compras do país asiático.
Os problemas que muitas vezes acontecem são muitos, variando entre fornecedores ineficientes, produtos não adequados e ainda documentação mal elaborada e muitas vezes errada. Estas estão entre as maiores causas de reclamações por parte dos empresários brasileiros em relação à China.
Por isso é muito importante antes de buscar fornecedores chineses em sites de busca na internet e ir diretamente à Feiras na China, é fundamental observar se aquelas empresas são realmente sérias e, além disso, se os parceiros encontrados fornecem os produtos necessários, com a qualidade mínima exigida pelo importador.
Os casos de empresas que fazem maus acordos com os chineses por não terem tido cuidados básicos são inúmeros e muitas vezes o que parecia ser um grande negócio transforma-se em uma tragédia financeira.
Uma solução para isso, não só para os novatos na importação, sendo ela da China, Coreia, Vietnã ou qualquer outro país asiático muitas vezes é a triangulação via Estados Unidos. Neste caso uma companhia Trading locada nos Estados Unidos funciona como intermediária na negociação.
Normalmente esta Trading assegura ao importador que seu processo transcorra com tranquilidade e sem chances de fracasso, pois estas empresas têm grande experiência (normalmente com mais de 20 anos atuando no mercado asiático), gente especializada e eficiente que não só verifica a idoneidade do exportador, faz a inspeção da mercadoria antes do estufamento do container na origem e o que é o principal, é a responsável por toda documentação envolvida no processo.
Neste caso o importador brasileiro importa da Trading americana e não da China mas a mercadoria, já inspecionada, vem diretamente da China para o Brasil, sem parada nos Estados Unidos. Documentalmente falando quem importa da China é a Trading americana.
Este é um processo utilizado por muitas empresas brasileiras que preferem pagar por esse serviço do que ter surpresas desagradáveis. E o que se paga sempre compensa. Muitas empresas que já importam diretamente da China há anos acabam posteriormente adotando o formato da triangulação para corrigir uma série de problemas. Faz-se muito importante considerar o fato de que os Estados Unidos são o maior parceiro comercial da China e o cuidado com que os chineses tratam os americanos é indiscutivelmente diferenciado.
Então, concluindo, na teoria importar é muito bom e lucrativo, mas ter sucesso como resultado prático depende de fatores que na maioria das vezes deve-se deixar na mão dos especialistas.